Há dois mil anos o homem vem se perguntando qual sua essência.
Essa mesma pergunta me fiz eu aos 6 anos de idade, defecando no banheiro número dois (leia-se o do quarto de empregada), olhando para minha mão, e tendo uma percepção de que "eu" estaria dentro de um corpo, e perguntei para minha mãe: "mãe, que que eu vim fazer aqui?", ao que ela me respondeu: "cocô?". "Não mãe, que que eu vim fazer nesse mundo?", "isso meu filho é o que os grandes filósofos se perguntaram", riu.
O que mamãe não me explicou é quem esses caras foram os pré-cursores da civilização ocidental, baseada na idéia da investigação do "eu" e do comportamento humano. Alguns desses homens tentaram classificar o comportamento de diversas e diferentes formas, qualificando as experiências de vida em graus de apreensão, estabelecendo uma hierarquia entre razão/sensação, creendo que um dia iria se chegar a uma verdade absoluta das coisas, como essas fossem dadas a priori da existência.
Essa sensação de estar dentro de um corpo, preso, na verdade era a percepção de limitação do meu eu físico no espaço. Observava com uma sensação vertiginosa de que sou finito, que meu eu-físico tem repercurssões no espaço maiores do que o espaço físico que meu corpo ocupa. Talvez, se fosse pensar em moral, acreditaria que estava ali para cumprir uma missão dentro do corpo. Mas não é isso. O que percebi ali e que me causava desconforto é uma percepção maior do que a limitação corpórea ou qualquer teoria que me elevasse acima do que apreendia: é de que a existência não é nos dada a priori, de que é longo o caminho de engrandecimento do espírito, de que razão e corpo (sensação) não se separam e, acima de tudo, que um dia a minha existência chegará ao fim.
Raoni Seixas
AMOR
Há 10 anos

Interessante observar que apesar das diversas mudanças (evolucoes ou regressoes ou depende do ponto de vista) nas sociedades em geral algumas questoes prevalecem - talvez seja isso que podemos chamar de a "essencia do homem". Talvez um dos grandes pavores seja o momento em que o homem parar de questionar, devido as circunstancias e a vida a que ele é exposto. Nao sei se isso é possível, provavelmente para uma maioria - como é hoje em dia - mas acredito e espero que sempre existam execçoes. Afinal se nao acreditarmos acabaremos pirando, a nossa loucura sendo apenas produto da sociedade em que vivemos ou da nossa incapacidade de sobreviver nela. Tenho pensado muito sobre o poder de nossas decisoes no nosso caminho. Tenho dúvidas, afinal alguns caminhos sao mais arduos que outros e isso pode ou nao ser por uma escolha nossa. Quanto ao engrandecimento do espírito, concordo que é longo o caminho e talvez por isso muitos nem buscam. Ou talvez simplesmente por que nao o julgam importante...
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