quarta-feira, novembro 21, 2007

Há dois mil anos o homem vem se perguntando qual sua essência.

Essa mesma pergunta me fiz eu aos 6 anos de idade, defecando no banheiro número dois (leia-se o do quarto de empregada), olhando para minha mão, e tendo uma percepção de que "eu" estaria dentro de um corpo, e perguntei para minha mãe: "mãe, que que eu vim fazer aqui?", ao que ela me respondeu: "cocô?". "Não mãe, que que eu vim fazer nesse mundo?", "isso meu filho é o que os grandes filósofos se perguntaram", riu.

O que mamãe não me explicou é quem esses caras foram os pré-cursores da civilização ocidental, baseada na idéia da investigação do "eu" e do comportamento humano. Alguns desses homens tentaram classificar o comportamento de diversas e diferentes formas, qualificando as experiências de vida em graus de apreensão, estabelecendo uma hierarquia entre razão/sensação, creendo que um dia iria se chegar a uma verdade absoluta das coisas, como essas fossem dadas a priori da existência.

Essa sensação de estar dentro de um corpo, preso, na verdade era a percepção de limitação do meu eu físico no espaço. Observava com uma sensação vertiginosa de que sou finito, que meu eu-físico tem repercurssões no espaço maiores do que o espaço físico que meu corpo ocupa. Talvez, se fosse pensar em moral, acreditaria que estava ali para cumprir uma missão dentro do corpo. Mas não é isso. O que percebi ali e que me causava desconforto é uma percepção maior do que a limitação corpórea ou qualquer teoria que me elevasse acima do que apreendia: é de que a existência não é nos dada a priori, de que é longo o caminho de engrandecimento do espírito, de que razão e corpo (sensação) não se separam e, acima de tudo, que um dia a minha existência chegará ao fim.

Raoni Seixas

Um comentário:

  1. Interessante observar que apesar das diversas mudanças (evolucoes ou regressoes ou depende do ponto de vista) nas sociedades em geral algumas questoes prevalecem - talvez seja isso que podemos chamar de a "essencia do homem". Talvez um dos grandes pavores seja o momento em que o homem parar de questionar, devido as circunstancias e a vida a que ele é exposto. Nao sei se isso é possível, provavelmente para uma maioria - como é hoje em dia - mas acredito e espero que sempre existam execçoes. Afinal se nao acreditarmos acabaremos pirando, a nossa loucura sendo apenas produto da sociedade em que vivemos ou da nossa incapacidade de sobreviver nela. Tenho pensado muito sobre o poder de nossas decisoes no nosso caminho. Tenho dúvidas, afinal alguns caminhos sao mais arduos que outros e isso pode ou nao ser por uma escolha nossa. Quanto ao engrandecimento do espírito, concordo que é longo o caminho e talvez por isso muitos nem buscam. Ou talvez simplesmente por que nao o julgam importante...

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