terça-feira, junho 16, 2009

O Homem e a Família

Enquanto os economistas sociais afirmam que a família é uma criação capitalista nascida com o intuito de produzir em maiores quantidades, eu afirmo: a família surge como uma necessidade de afirmação e reconhecimento do homem no mundo.

Na pré-história nós vivíamos em grupos, todos misturados. E em cada indíviduo havia a dor de existir comum a todos nós. Mas precisávamos sobreviver, e ainda não pensávamos sobre a dor do peito pois o ronco da barriga não nos deixava ouvir.

Aos poucos, aprendemos sobre a natureza e dominamos a agricultura. Quando conseguimos saber quando vamos comer, ao invés de ter de caçar todos os dias, o mundo pareceu um lugar mais seguro, onde os humanos caíram no profundo tédio. Uns continuaram a inventar (pois a necessidade de transformação é uma característica natural do ser humano, tanto quanto a necessidade de se reconhecer no mundo e deixar uma marca), e competiram e competem entre si até hoje. Outros reinventaram-se, continuaram a produzir objetos não de uso prático, mas com o objetivo de representar algo do mundo real ou um sentimento e, tanto se esforçaram, que conseguiram inventar a escrita e registrar que passávamos da pré para a história.

E o homem olhou para o lado, para o outro, e perguntou-se: quem sou que que me pareço com aquele? Foi quando sentiu afeto além da cópula, quando sentiu que o que nascia de si era de todos mas era também algo que é seu, que só você pode fazer. É um erro afirmar que a família foi um aprisionamento do homem. Ao contrário: a experiência da família é uma das primeiras experiências em busca de uma essência individual dentro do ser coletivo.