domingo, maio 31, 2009

BIA

A encontrei pela primeira vez no Forte da Urca e foi paixão a primeira vista. Paixão tão boa que, no mesmo dia, estávamos embaixo de uma vasta árvore, coração batendo mais forte e um dos melhores beijos que já tinha provado até aquele momento. Pouco tempo antes eu havia diminuído a circunferência da minha orelha e pareceu que um novo mundo se abria para mim, trazendo aquela linda menina (era ainda uma menina).

Bia foi meu primeiro grande amor, a primeira vez que escolhi realmente gostar de alguém ou, visto por um outro ponto de vista, a primeira vez que me senti arrebatado pela companhia de uma pessoa que significou para mim a palavra amor. Procurei por esse sentimento em muitos outros relacionamentos, nunca igual. Acreditei que só era possível amar verdadeiramente uma vez, que depois era escolher quem te cativa e deixar envolver-se, mas amar arrebatadoramente, amar de passar muito bem e muito mal, amar como se o mundo fosse acabar quando você se separa do outro, de achar que não existe vida após o amor, só uma vez.

Foi com ela que aprendi a amar de verdade e de várias formas. Já tinha vivido algumas experiências sexuais com uma mulher que também ficava com um amigo meu, mas foi com a Bia os primeiros beijos apaixonados, o passo a passo do sexo, a descoberta do amor nas escadas do prédio, até a primeira vez que nos deitamos na cama, no dia 26 de janeiro de um ano que não me lembro agora, quando ela chegou para mim e disse que estava preparada, que havia chegado a hora. Recados de amor escritos na porta do banheiro do Tablado, nas árvores dos acampamentos.

Bia me pediu durante muito tempo uma postagem, mas só agora me deu vontade de escrever não para ela, mas sobre ela. Escrevo porque sinto novamente o amor resignificando para mim.

Quanto mais velho fico, mais volto ao meu passado em busca de quem sou. E a Bia, que tanto me pediu um escrito, ganhou uma parte da minha memória, enquanto eu, no momento em que escrevo, sinto forte a batida do meu coração, e lembro bem daquele sorriso tão bonito, mesmo com aqueles ferros que o aprisionaram por tanto tempo.

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