quinta-feira, agosto 03, 2006

UMA PÍLULA DE AMANTE
Jean Cocteau
por Alexandre Barbosa Teixeira e Anna Beatriz Gaglianone

Desde 1870, os artistas se habituaram a desprezar o público. Admite-se que o público é estúpido. Esse preconceito corre o risco de se juntar aos preconceitos do público. O mesmo acontece com o absurdo preconceito contra a Comédie-Française, a Opéra, a Opéra-Comique, palcos de todos os escândalos ilustres. Não haveria aí um problema para os pesquisadores resolverem?

Antigamente o gênio atingia o público com lentidão, fazendo concessões, ou seja, com mediações. Seria preciso estudar o público, encontrar o truque que o enganasse nas obras rápidas.

O público nos pergunta se a obra é séria. Eu lhe pergunto se ele é sério. Pois então! As obras geniais exigem um público genial. Conseguimos um substituto desse estado receptivo genial através da eletricidade que emana de um aglomerado de pessoas medíocres. Esse substituto permite que se cirrem ilusões sobre o destino de uma obra teatral.

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