sexta-feira, maio 20, 2005

Vicente não estava para brincadeira. Não havia tempo para isso.
Havia meses que abandonou antigos hábitos. Sabia que em uma época de aparência, sem poesias, sua luta era uma luta perdida.
"Há homens que nascem póstumos" - Nisztche cismara em lhe dar umas tapas na cara.
"Tudo depende de mim, exclusivamente de mim".
Consciente de si e de suas crenças, sempre questionáveis e questionadoras, caminhava Vicente entre as paredes da hipocrisia: "É melhor penetrar no sistema para modificá-lo ou contorná-lo e estar sempre a espreita como uma anomalia?"
Era de certo um anômalo.
Ainda não descobriu a resposta de suas questões, mas se agrupava com agentes questionadores e pensantes.
Caminha, Vicente.
Caminha.
"Há homens que nascem póstumos."
Caminha.

3 comentários:

  1. Por mais que você "fique a espreita como uma anolamia" vai estar sempre penetrando no sistema, ou penetrado por ele.
    Como conseguir estar dentro sem ser engolido? Agora ainda é um pouco mais fácil mas e depois? E quando ficarmos mais velhos? Será que não vamos desistir de lutar contra alguma coisa invísivel e por isso mesmo muito mais poderosa? Espero que não. Mas tenho dúvidas (sempre e em relação a tudo). Espero e busco fazer com que as minhas ideologias resistam.

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  2. Aproveitando as palavras do comentário acima: "Por mais que você 'fique a espreita como uma anolamia' vai estar sempre penetrando no sistema, ou penetrado por ele"
    - Hoje estava no ponto de ônibus, egoísticamente preocupada comigo, quando veio se aproximando um mendigo: calças rasgadas e caindo, as quais ele suspendia a cada 4 passos, camisa encardida, barba suja de restos de comida, uma chupeta pendurada no pescoço... Chegava a cada pessoa parada no ponto e cochichava algo. Quando chegou até mim e disse: "Tem 1 centavo?" eu perguntei: "1 centavo?" e ele acenou com a cabeça afirmativamente, eu disse-lhe que 1 centavo não tinha e... ele se foi, antes q eu pudesse dizer mais alguma coisa... Ainda o observei enquanto ele puxava novamente as calças e ia virando-se de costas, retornando ao lugar de onde havia chegado: na sua camisa imunda, lia-se nas costas, com letras grandes mas embaçadas pela sujeira: O ÚLTIMO MILÊNIO - Fiquei parada uns instantes, relendo, e pensei que talvez aquela fosse a imagem deste milênio que, por sua vez, é o último para mim... Não quero q meu último milênio, que meus últimos dias de vida fiquem a mercê da situação como aquele mendigo que me abordou... Mas o que fazer?
    E, novamente, faço minhas as palavras acima: "Como conseguir estar dentro sem ser engolido? Agora ainda é um pouco mais fácil mas e depois? E quando ficarmos mais velhos? Será que não vamos desistir de lutar contra alguma coisa invísivel e por isso mesmo muito mais poderosa? Espero que não. Mas tenho dúvidas"
    Preciso de ajuda... Precisamos de ajuda?

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  3. Outro dia Zaratustra entrou em conflito quando se sentiu assim. Resolveu voltar para o alto da montanha e passar mais um tempo lá.

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