segunda-feira, julho 13, 2009

O drama de um Homem Trágico
ou
As palavras que escrevi
E que já não entendo mais
.

Eu já joguei tudo fora do que você deixou para mim: suas cartas, presentes e tudo mais, na tentativa de ser mais forte e de fingir que não sou quem sou: um nada, um ninguém. Agora que nada mais tenho do que é seu, você se torna uma lembrança que eu finjo evitar, como a avalanche do Everest que soterra três esquiadores e apenas um sobrevive, e os vídeos mais incríveis do mundo exibem na TV.

Eu pego uma faca no armário da cozinha, a única, abro um corte do púbis ao pescoço e tiro tudo que tem dentro, para saber até onde você ficou em mim e até onde eu ainda sou eu, até lembrar que eu não sou: apenas estou, não sou nada.

Não sei o porquê desse drama que faço para mim mesmo, essa peça odiosa que escrevi e detesto encenar. Sou trágico. O drama não combina muito comigo. E escrevo essas frases que nada querem dizer a ninguém, só a esse espetáculo que pode enganar a todos, mas não pode enganar-se a si mesmo.