sexta-feira, março 28, 2008

Primeira reflexão sobre a liberdade

Todos os seres são condicionados por seus instintos de sobrevivência. As plantas sempre procuram o sol, os animais herbívoros procuram as melhores plantas para comer, os carnívoros a melhor estratégia de caça. De pai para filho, de geração em geração, sempre são passados os conhecimentos inerentes a sobrevivência de cada espécie.

O ser humano não foge desse esquema básico. Nossas ações na sociedade são condicionadas e influenciadas por fatores que nos são passados pelos nossos pais e pela sociedade. A diferença é que nem tudo que nos é passado precisa ser aceito, e o ser humano tem a capacidade de negar e de transformar o que está a sua volta. É a partir da negação que a liberdade pode ser melhor compreendida: é a ausência de submissão, de servidão e de determinação. A liberdade, ao contrário do que foi opinado em aula e, em minha opinião, não é a ausência total de limites e de condicionamentos sociais, mas sim a possibilidades de escolha dentre os fatores sociais existentes e a capacidade de degluti-los e resignaficá-los.

Ter liberdade é poder e saber escolher. É como um ato de afirmação de si no mundo: diante do que nos é dado e do que percebemos, precisamos escolher e determinar o nosso lugar diante das ordens das coisas.

Na sociedade iroqueza dos índios americanos, a liberdade não só existia como era necessário e importante que todos defendessem a liberdade de toda a tribo. Se qualquer indivíduo fosse desrespeitado ou agredido por outro, toda a comunidade se reunia para discutir e solucionar o assunto. Para eles, a liberdade de um indíviduo era garantida por todos. Esse me parece um ponto chave para se discutir a liberdade na sociedade atual: a hipocrisia. Não basta reafirmar que a liberdade existe e procurar uma definição, mas é preciso garantir a mesma liberdade para todos.

Parece-me que, atualmente, que existem níveis de possibilidades de escolha e, sendo assim, de liberdade. Explico: um sujeito que nasceu em uma família mais pobre terá menos opções de escolhas do que o sujeito que nasce em uma família mais rica. A sociedade industrial dividiu e especificou mais o mercado de trabalho e um individuo de baixa renda, que não se alimenta direito e não tem acesso a uma boa escola publica, vai ver sua capacidade de escolha e livre arbítrio diminuídos na sociedade. A noção de liberdade atualmente está muito ligada a noção de poder: quem tem poder cerceia a liberdade do outro. Assim tem sido a regra que rege a economia global, agudizada com as revoluções industriais.

Mas, ainda assim não se pode afirmar que a liberdade não existe. Diz Rogério Duarte em música com Gil: “A morte é a única liberdade”. Ou no cinema, Spartacus: “Um escravo e uma pessoa livre encaram a morte de maneiras diferentes. Quando morre, (...) o escravo perde sua dor. A morte é a única liberdade que um escravo conhece.”

Um comentário:

  1. Há que se refletir também: um único homem bom e muito rico, poderoso, pode fazer uma enorme diferença no mundo. Mesmo.

    A liberdade é prisão.

    ResponderExcluir