segunda-feira, maio 22, 2006

Vontade de nada...

Acordou com uma imensa vontade de nada fazer. Acordou, olhou para cima, inclinou a cabeça para olhar a ponta dos pés que logo cobriu. Bebeu um gole d`água da noite anterior.
Após alguns segundos levantou o tronco para apertar um Trevo. Após, um cigarro de maconha e depois retorna ao Trevo, à água. Se vivesse na época do ópio, seu corpo já estaria inutilizado para qualquer trabalho. Leu dois capítulos do livro de cabeceira, fez anotações. Levantou-se quando a vontade de xixi já era insuportável. Lembrou-se de puxar a descarga quando já estava na cama abrindo novamente o livro.
Pensou em fazer a barba.
Não fez.
Deitou de bruços. Respirou, deitou de frente. Alongou o braço esquerdo tentando esticar o ombro. Nenhuma ligação no celular. Era capaz de aguentar a fome por mais algumas horas. Alguns trocados na carteira, lembrou, teria ainda de passar no banco. Respirou fundo, leu. Hoje não há trabalho. Ligou a televisão:

Junte dois amigos em uma casa. Junte um cachorro.
Coloque em banho maria.
Adicione mais dois amigos e pimenta. Deixar em banho maria.
Quando já estiver sentindo o cheiro,
Pique mais amigos-visitas, mulheres, livros e computadores.
Deixe ferver.
Escolha um deles para ser o primeiro a ser servido, separe os outros três junto aos limões e
abandone o cachorro, embrulhando-o em um jornal deixando-o na geladeira...

Desligou a TV. Sempre que ligava, o primeiro programa deveria ser interessante, senão não valeria a pena procurar. Desligou a TV. Estava com fome, não veria Ana Maria Braga se escondendo debaixo da mesa comendo um sarapatel. Será que a Ana Maria trepa?

Será que o Silvio Santos trepa?
Quem come a Dercy Gonçalvez?

Dormiu.

5 comentários:

  1. Me deste um cd virgem. Gravei dois:

    80/81

    1 Two Folk Songs
    2 The Bat
    3 Turnaround
    4 Open
    5 Pretty Scattered
    6 Every Day (I thank you)
    7 Goin' ahead

    Pat Metheny, guitar
    Charlie Haden, bass
    Dewey Redman, tenor saxophone
    Michael Brecker, tenor saxophone
    Jack DeJohnette, drums

    Blue Camel

    1 Sahara
    2 Tsarka
    3 Ziriab
    4 Blue Camel
    5 On time
    6 A night in the mountains
    7 Rabou-Abou-Kabou
    8 Beirut

    Rabih-Abou-Khalil, oud
    Charlie Mariano, alto saxophone
    Kenny Wheeler, trumpet
    Steve Swallow, eletric bass
    Milton Cordona, congas
    Ramesh Shotham, percussion
    Nabil Khaiat, frame drums

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  2. Muitas vezes me sinto exatamente assim!

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  3. Par ou Ímpar

    Contar pra vocês
    O torturador que tem soco inglês
    Mudar não mudou...

    Lá em Xerém
    Vilmar, o para-militar, bate bem
    Numa pelada fuderosa
    Onde não tem pra ninguém
    Ele só chama adversário
    De meu anjo e neném
    Mas quando baixa o santo ruim
    É pé na cara
    E, olha bem,
    Lambe o bigode assim PC
    Dá de madeira em você
    Por tudo que ce disse
    E não disse
    No fim, pede uma pizza de alicce
    Diz que tá lendo Frederico Nietzsche

    Conta que é torturador
    Não é nada pessoal
    Se convocado outra vez
    Volta e me mete o pau, uai!
    Aí, eu jogo pinga na língua
    Que imita a ginga
    Do Nelso da Capitinga
    Que xinga
    Mas a catinga
    Diz que eu me sujei

    Aldir Blanc

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  4. SÃO PAULO - De acordo com relatório anual elaborado pelo banco de investimentos Merrill Lynch e pela consultoria Capgemini, 8,7 milhões de pessoas no mundo detêm no mínimo US$ 1 milhão em ativos financeiros, número 6,5% maior do que em 2004. Esses milionários, no total, possuem US$ 33,3 trilhões de patrimônio, 8,5% a mais que em 2004.

    Pela primeira vez em três anos, a pesquisa, divulgada nesta terça-feira (20), detectou que o percentual de crescimento das grandes fortunas de 2004 para 2005 não superou o do ano anterior (2003-2004), já que houve aumento de 6,8% no ano passado e, em 2004 de 9,9%.

    No Brasil existiam, em 2005, 109 mil pessoas com renda maior que US$ 1 milhão, aumento de 11,3% com relação ao ano anterior (98 mil).

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  5. Luta Desarmada

    Não quero canga.
    Não quero carne moída.
    Tenho orgulho de gorila.
    Pinto pelado a Capella Sistina
    sem garrote vil de gravata.

    A liberdade
    essa demência invendável
    essa corda roída
    essa língua de cobra de vidro,
    atiça, saliva.

    Os dinheiros não se encantam com poesia.
    um bazar beneficente vende filosofia em cacos de porcelana.
    Jesus Cristo voltou
    desceu da cruz
    e trabalha na TV.

    Vou
    fundar uma cooperativa de fumantes
    alcoólatras e ex-guerrilheiros.

    Compraremos o vício no atacado.
    dividiremos o pão e a descrença
    o teto e as lembraças.
    Ouviremos free jazz
    a última figueira sonora.

    Canudos resistiu
    Nós não resistiremos.

    Don Camilo

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