sexta-feira, fevereiro 17, 2006

" De:   Anna Beatriz Gaglianone
Data:   17/02/2006 (08:48:34)
Assunto:   Perdão
Prioridade:   Normal
Para:  meus amigos
  [ ver cabeçalho da mensagem ]
Amigos,

gostaria que vocês me compreendessem. Fico bastante constrangida quando não posso me mostrar tão entusiasta, otimista ou apta à felicidade - apesar de meus esforços. Venho, então, confirmar minhas inclinações por meio de uma notícia da semana bastante grave, francamente estarrecedora.

Foi anulada a condenação do Coronel Ubiratan Guimarães, condenado pelo massacre do Carandiru. O júri popular havia condenado o cara em 2001 a 632 anos de prisão por 102 homicídios.

Então, para a gente - classe artística, acadêmicos-universitários, bons-burgueses, exemplares cidadãos - o que resta é ler o livro, comprar o filme e engrossar o time daqueles que sabem de tudo e nada fazem. Às vezes, me parece pouco desejar aos meus amigos, que mal tenho visto, alegria, felicidade, satisfação... Me parece, mesmo, contraditório. Quase um paradoxo
insuportável.

Seria preciso tentar fazer alguma coisa, gritar, ir às ruas, boicotar, abrir blogs de denúncia, enviar emails, usar camisas com slogans agressivos, não trabalhar, anular o voto, não consumir, queimar ônibus, apedrejar políticos, andar nas madrugadas em ruas ermas à espera da Satã, queimar celulares, mandar o sistema à merda de uma vez. Fundar, quem sabe, uma comunidade não no orkut, mas no interior. Voltar à terra, capinar, arar, plantar... Se colocar ao lado daqueles que são tão da gente, o povo-fudido-brasileiro. Mas FODIDOS NÃO-PRIVILEGIADOS, parodiando o Abujamra. Fodidos que só nos
interessam à época do carnaval quando eles sacodem a poeira e dão a volta por cima. Hehehehehe. Seria um trocadilho se ele não fosse, também, sarcástico.

Enfim, amigos-de-orkut, às vezes, em falando de amizade, fico saturada com o meu cinismo. No mais, mesmo que tenha que saltar mendigos a fim de transitar pelas calçadas, continuo feliz, muito satisfeita.

Espero que novos massacres aconteçam. Agora no meio em que circulo, perto da minha casa, ao lado da minha escola, dentro do meu bairro, dentro do meu trabalho... Só a distância espacial, geográfica, econômica e política nos permite continuar, assim, tão felizes.

Um beijo enorme à todos que são felizes como eu.
Anna Beatriz. "

8 comentários:

  1. A indignação diante das injustiças são produtivas qd se realizam AÇÕES dignas em seu cotidiano: justamente com seus amigos, sua família, seus amores. O SOCIAL só pode ser modificado de dentro para fora: do individual para a sociedade. Mudanças de fora para dentro serão ditaduras, sejam de direita, de esquerda ou de anarquismo. Pertencem ao universo da revolta, da arrogância, da prepotência daqueles q se julgam tão superiores q são capazes de IMPOR suas ideologias à "plebe ignara", ao povo, aos q ainda desconhecem teorias q são julgadas como verdades por quem não modificou nem a si mesmo. A civilização foi criada pela espécie humana, q privilegiou a tecnologia e o capital, pelo menos NESTE momento histórico. O retorno à natureza, à vida tribal dos indígenas, é a atitude dos covardes e incompetentes q ainda não conseguem mudar as próprias dificuldades de relacionamento. Mas estamos todos aprendendo e cada pessoa tem o seu tempo e o tempo...não pára.

    ResponderExcluir
  2. Blablabla.
    Quem está sendo o arrogante por aqui?
    Se quer adotar o lugar da suprema sabedoria, ao menos se identifique!
    Tô cansado de comentários superficias nesse blog!
    Não venha aqui citar Cazuza!
    Vá se fuder!

    ResponderExcluir
  3. Blablabla.
    Quem está sendo o arrogante por aqui?
    Se quer dar lição de moral, ao menos tenha a prudência de se identificar.
    Não venha aqui citar Cazuza, de alto de sua suprema sabedoria, e nem psicologizar as relações.
    Tô cansado de comentários superficiais nesse blog!
    Vá se fuder!

    ResponderExcluir
  4. O retorno à natureza, à vida tribal dos indígenas, é a atitude dos covardes e incompetentes q ainda não conseguem mudar as próprias dificuldades de relacionamento. INTERESSANTE... AGORA, ALÉM DE SUBTRAÍDOS, DIZIMADOS, ENGANADOS... OS ÍNDIOS FORAM CONDUZIDOS À CATEGORIA PSICANALÍTICA DOS RECALCADOS. SER NATIVO É SER RECALCADO. EM TERMOS DE BRASIL, ISSO É BEM PERTINENTE...

    ResponderExcluir
  5. Chamar aos outros de covarde e se esconder por trás da máscara do Anonymous...

    ResponderExcluir
  6. Ferro

    No sonho esta noite
    vi um grande temporal.
    Ele atingiui os andaimes
    curvou a viga feita de ferro.
    Mas o que era de madeira
    Dobrou-se e ficou.

    ResponderExcluir
  7. Para uma fisiologia da arte

    355 1. Embriaguez como condição primeira: causas da embriaguez.
    2. Sintomas típicos da embriaguez.
    3. Sentimento de força e de plenitude na embriaguez: sua influência idealizadora.
    4. Excedente efetivo de força: seu embelezamento efetivo. (O excedente de força, por exemplo, na dança dos sexos). O que há de doentio na embriaguez; o perigo fisiológico da arte. – Considerar em que sentido o julgamento que articulamos sobre o “belo” é absolutamente antropocêntrico: fazê-lo repousar em hipóteses biológicas quanto ao crescimento e o progresso.
    5. O apolíneo, o dionisíaco: tipos fundamentais. Sobre o domínio mais vasto, comparado às nossas artes particulares.
    6. Pergunta: a que pertence a arquitetura?
    7. Colaboração da capacidade artística na vida normal, seu exercício possui uma potência tônica: para o feio é o contrário.
    8. O problema da epidemia e do contágio.
    9. O problema da saúde e da histeria – gênio = neurose.
    10. A arte como sugestão, como meio de comunicar, como domínio inventivo da indução psicomotora.
    11. Estados não-artísticos: objetividade, cólera na analise de si mesmo, neutralidade. Vontade empobrecida; perda do principal.
    12. Estados não-artísticos: abstratividade. Sentidos empobrecidos.
    13. Estados não-artísticos: consunção, empobrecimento, vacuidade. – Vontade do nada (cristão, budista, niilista). O corpo empobrecido.
    14. Estados não-artísticos: idiossincrasia moral. Temor dos fracos, dos medíocres, diante dos sentidos, diante da potência, diante da embriaguez (instinto dos vencidos da vida).
    15. Como é possível a arte trágica?
    16. O tipo romântico: ambíguo. Sua conseqüência é o “naturalismo”.
    17. Problema do comediante. A falta de “boa fé”. A capacidade típica de transformação como falta de caráter... a falta de pudor, o palhaço, o sátiro, o gracejador, o Gil Blas, o comediante que se faz de artista.

    F. N. Vontade de Potência

    ResponderExcluir